6 de dezembro de 2013

Matar por amor e morrer pela honra




Em 1870 a vida pacata lisboeta foi interrompida por um crime. E o criminoso era da alta sociedade, amigo íntimo de Camilo Castelo Branco e de Ramalho Ortigão, intelectual e político de renome. José Cardoso Vieira de Castro tinha morto sua mulher Claudina Adelaide Vieira de Guimarães, "por meio do uso do cloróformio"
A causa? Adultério segundo o réu, que se declarou logo culpado. Claudina, uma rica herdeira brasileira de 23 anos, tomara-se de amores por um sobrinho de Almeida Garrett e o marido descobrira.
Dessa causa resultou o degredo por dez anos em Angola para o réu: morreu antes de cumprir a sua pena, por doença "fulminante".
Camilo nunca o esqueceu. Para muitos foi considerado um heróis por ter vingado a sua honra manchada pelo adultério. Era uma época em que tudo era justificável pela boa reputação.A pobre Claudina não teve muita sorte: esta foi a carta para o amante, que o marido a apanhou a escrever na véspera da sua morte.





Todas as cartas de amor são Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.(...)
Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.

Álvaro de Campos

Desenho de Rafael Bordalo Pinheiro

2 comentários:

jose disse...

À volta deste caso escreveu Vasco Pulido Valente o livro GLÓRIA--"um livro de História,não um romance"tal como enfatizou no prefácio.

jose disse...
Este comentário foi removido pelo autor.