24 de agosto de 2010

Quotidianos

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Saio de casa rumo ao supermercado (designação megalómana) das imediações para pequenas compras indispensáveis, por diversas vezes esquecidas nas últimas tentativas de logística doméstica em vã tentativa de ser metódica (aspiração quase inatingível, mas da qual se não desiste). A lista das aquisições fica frequentemente por fazer. Invejo ( forma de dizer…) aqueles que, quais verdadeiras fadas (femininas e masculinas) do lar têm, na cozinha e em local bem visível, um quadro em fórmica – os mais tradicionais a velhinha ardósia – onde vão apontando as baixas do dentífrico, do sal, das molas para a roupa…
Já na caixa, a sorridente e há muito conhecida funcionária, ao fazer a leitura do código de barras das pastilhas de detergente para a máquina de lavar a loiça desculpa-se, com ar envergonhado, explicando: «o excesso de fita cola que colocámos nas embalagens é para evitar roubos, assim dificultamos a abertura». Sem que tivesse reparado no ‘eficaz’ sistema anti-roubo , o meu ar intrigado leva à explicação : o detergente para a roupa e para a loiça é, nos tempos recentes, gradualmente desviado à socapa, tendo alguns clientes reclamado, pois chegavam a pagar embalagens que continham unicamente 3 a 4 pastilhas quando nas caixas se lia a referência a diversas dezenas… é que o estabelecimento de pequena localidade não possui videovigilância e a funcionária da caixa é a mesma que repõe as mercadorias nas respectivas prateleiras (em tempos mais prósperos havia auxiliares em triplicado).
Há alguns anos, os meus alunos desabafaram, indignados, após uma ida a tribunal no âmbito da sua área de estudos. Tinham assistido ao julgamento de uma idosa que, pela terceira ou quarta vez, era apanhada a furtar pequenos bens tais como: queijo, manteiga, pão… O ar de velhinha frágil e os argumentos pessoais de mísera reforma associada a uma saúde precária tinham gerado a indignação entre estes jovens. Fico em primeira instância a pensar se quem tem máquina para a loiça não pode comprar o respectivo detergente. Teoricamente, tudo levaria a crer que sim…

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