29 de agosto de 2010

A memória está onde menos se espera




Chamo a atenção para o interessante artigo de Alexandra Prado Coelho, “Os melhores museus estão onde menos se espera”, publicado no último ‘ípsilon’, de 27/08/2010, citando o parágrafo final do mesmo: “E assim, graças ao Marquês de Pombal e ao pescador que um dia encontrou uma ânfora em Portimão, aos amigos de Camilo e ao farmacêutico de Penafiel, aos chapeleiros de São João da Madeira e ao rio Arade, que guardou o passado para o devolver quando achou que, finalmente, lhe íamos dar atenção – graças à teimosia e à visão de todos eles parece que, afinal, não vamos perder a memória”.
O que me motiva referir o artigo é, ao lê-lo, verificar a mudança que se está operando na mentalidade portuguesa quanto ao sentir o seu património cultural.
O património cultural ganha, cada vez mais, a dimensão de proximidade às comunidades por ele referenciadas, deixando de ser visto como algo impessoal e distante, ganha a dimensão de memória e identidade.
A monumentalidade da pedra edificada, a raridade do manuscrito, a beleza da obra plástica, a agradável sinfonia, passaram a coexistir e a emparceirar com a história de vida dos indivíduos que, com o seu quotidiano, foram marcando e moldando o território.
Assim, a memória de uma comunidade ganha espaço e alarga horizontes à tradicional visão do património cultural, motivando as populações para a sua valorização e fruição, criando agentes activos para a preservação da memória de todos nós.

Foto original de Nelson Garrido, (re)fotografada a partir do artigo citado, na versão papel.

1 comentário:

J. disse...

"e prova de que não deitar fora uma velharia pode afinal ser uma decisão de grande importância" (...) "graças à teimosia e à visão de todos eles parece que, afinal, não vamos perder a memória"

e parabéns a ti também miguel,vi-te nas linhas deste texto e sei que é graças a pessoas como tu que não perdemos a memoria! ;)