11 de fevereiro de 2010

a balada de johnny sosa no bairro chinelo

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johnny sosa é uma daquelas personagens literárias por quem nos apaixonamos às primeiras linhas.
numa época em que o seu uruguai é invadido pelas botas dos esbirros do fascimo mais abjecto, johnny sosa sente-lhe os primeiros sinais quando deixa de poder escutar pela madrugada o relato da vida do seu cantor de eleição, um azarado lou brakley a quem tudo aconteceu do modo errado até à morte mais triste e solitária sentado na sanita a folhear 'a pesquisa científica do rosto de jesus'.
a balada de johnny sosa é uma daquelas histórias que só os escritores da américa latina sabem contar, sabe-se lá porquê.
ler, de uma assentada, na pequena esplanada do 'tasca lusa' do bairro chinelo, com o sol a aquecer o sangue, invade-nos o corpo de memórias e de ligações.

ai nid tubí fri
ueit iú ander de trí
bat aiam an only man
an only blak man
an... ou, beiby

cantava ele e lembrava-me o vitor 'gordo', vocalista de um conjunto de nome estranho e comprido, que só por si dava uma tese de doutoramento, que cantava em todas as línguas de um modo que era perfeitamente possível saber a língua em que cantava pela entoação das ininteligíveis palavras que produzia: o som em 'inglês' era perfeitamente em 'inglês', sendo que as 'palavras' eram apenas uma espécie de onomatopeias para produzir o efeito desejado.
e com uma confiança inabalável.
'ouvir' o locutor melias churí (que após uma tentativa de resistir ao golpe fascista e, de meia de vidro na cabeça, ter obrigado o seu colega a ler aos microfones uma declaração de resistência, acabou arrastado pelo exercito do bar mais obscuro de mosquitos) falar de lou barkley, da sua descoberta por acaso e do seu final triste, fez-me acender a luz da memória para o grande 'skip' james e a sua também descoberta por acaso que o levaram a num longínquo mês de fevereiro de 1931 (a fazer anos agora..) a gravar num único dia mais de 20 canções que ficaram como marco na história dos blues e ao seu desaparecimento durante 30 anos para voltar a renascer das cinzas num mítico festival de newport nos anos 60.

isto anda tudo ligado.
e ao sol numa esplanada do bairro chinelo, mais ligado ainda





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