3 de março de 2009

Perpetuar a memória dos antepassados

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Em tempos, a T. colocou um postal ilustrado, tendo perguntado no post se o autor das linhas fotografadas era antepassado (Teresa e VV: será antepassado?). Já perto do fim da sua vida, o meu pai, que nunca me falou muito nos parentes, à excepção de uns primos que ocasionalmente visitávamos em Paredes de Coura, ofereceu-me - senti na altura alguma comoção disfarçada, o que tanto o caracterizava - este livro sobre a terra dos antepassados.
Perguntou-me por diversas vezes se eu o tinha lido, o que não fiz até à data, embora o guarde com especial cuidado com a certeza de o vir ler com interesses muito particulares.
Pela dedicatória de 26 de Dezembro de 1917, percebi que quem o oferece a meu avô é o irmão do autor, Thomaz Joaquim Alves, nosso trisavô. Quem escreveu este livro foi o meu tio-trisavô Narcizo Alves da Cunha. Esta espero que não escape ao VV, pois não sei se tem conhecimento destes antepassados de Paredes de Coura. Por mim, ainda não lhos referi até à data.
Não resisto e vou transcrever umas linhas, respeitando a grafia da época:
A sua população rural é docil, sobria, respeitadora e hospitaleira, com certa paixão pela musica.
Religiosa por tradição e convicções, não é fanatica, nem caróla. Acata as auctoridades e pastores espirituaes, sem subseviencia: cumpre obrigações, mas sabe que tem direitos.
Entregua á faina dos campos,é, pelo geral, ordeira, parcimoniosa e comedida no seu viver social.
Entretanto, é preciso não esquecer, para sermos justos, que o povo, d'antes tão modesto e equilibrado nas suas necessidades, tem-se deixado fascinar, um pouco, pelos desvarios do luxo e vai-lhe pagando pesado e quiçá ruinoso tributo.


Título: No Alto Minho Paredes de Coura
Autor: Narcizo Alves da Cunha
Editora: Typographia do Porto Médico
Data da Edição: 1909

10 comentários:

T disse...

O Victor vai adorar:) E ficar de lagrimita ao canto do olho também, se bem o conheço. Excelente post:)

Luís Bonifácio disse...

A propósito do seu tio-trisavô

http://cartasportuguesas.blogspot.com/2005/02/narciso-um-cacique-da-1-republica.html#comments

Portugal é uma aldeia.

Se me der o seu mail, mando o original.

teresa disse...

T,
O meu pai era mesmo assim... e existe também alguma ligação a Bernardino Machado que ainda não entendi bem:)
Luís Bonifácio,
É claro que lhe vou dar o meu mail, fico curiosa por receber mais informação.
Grata.

Anónimo disse...

Boa noite Teresa.

Acabei de ler o seu post, sobre Paredes de Coura.

Pelo menos, estou a lembrar-me de dois amigos, de Paredes de Coura. Um deles é efectivamente, de Romarigães.

Logo que tenha oportunidade, irei-lhes perguntar, se conhecem, pelo menos, o nome do seu tio- trisavô, o Senhor Narcizo Alves da Cunha.

Um abraço,

Fernando

teresa disse...

E ainda se conta que uma personagem da obra "A Casa Grande de Romarigães" não é assim tão ficcionada mas, à falta de provas, só ficam os testemunhos familiares e o escritor já não anda por cá a fim de o confirmar:)
(... isto de ir rebuscar memórias, a T. é a responsável...daqui a algum tempo já vou na pré-História)

carlos disse...

todos os anos, há muitos anos, faço a peregrinação de agosto a paredes de coura :)

teresa disse...

Essa peregrinação de Agosto não a faço, nem outras tenho feito rumo às referidas River Walls (não confundir com River Falls). Parece que um familiar é que costumava peregrinar cá mais para Sul, como celta que desce à moirama em início de Setembro e com a finalidade de vender artesanato:)(isso também me disseram, pois não tenho participado em cruzadas, deste tipo, quero dizer)

VV disse...

Querida mana
Pois do livro conhecia-o como uma relíquia familiar e da importância que esse exemplar tinha para o avô e depois para o pai. Os graus de parentesco com o autor é que me escaparam.
Também estou com curiosidade na informação do LB. É sempre bom saber sobre os nossos genes. Fico também contente por saber que o livro está contigo ! :O)

teresa disse...

E tu acreditas que só quando dediquei ontem algum tempo à leitura da dedicatória é que consegui estabelecer esses graus de parentesco? " Ao meu querido neto A.A.V, como prova de muita amizade e pelo seu exemplar comportamento, oferece o avô, irmão do autor, Thomas Joaquim Alves. Formariz, 26/12/917". Também já "googlei" o Thomas J. Alves e encontras referências, caso o faças.
Logo que o LB me envie informação, reencaminho-ta.
(aprecio muito a atitude de simplicidade do pai e o que para mim é surpreendente, é entendê-lo melhor agora do que quando, muitas vezes, o tinhamos por perto)
Quanto a uma personagem feminina de Aquilino em A Ilustre Casa de Romarigães, diz-se que era uma tia (antepassada nossa) com quem ele gostava de prosear ao muro do quintal quando fazia as suas caminhadas por lá ... who knows?

Anónimo disse...

Ao fazer uma pequena busca, ao acaso no Google, Teresa, encontrei o seguinte, e não sei se terá importância para si:

21 de Dezembro de 1956, a Sra. D. Silvana Cândida Alves, era filha do Sr. Tomás Joaquim Alves e da Sra. D. Maria Luísa Martins.

Fernando