6 de dezembro de 2008

os reconhecimentos, os advogados e o bastonário deles


a comissão dos direitos humanos da ordem dos advogados decidiu propor numa reunião a realizar na próxima semana que alguns dos advogados, ainda vivos, que defenderam os presos políticos nos tribunais plenários do fascismo, fossem distinguidos com o prémio ângelo almeida ribeiro.
este prémio destina-se a homenagear os que se distinguiram na defesa dos direitos dos cidadãos.
natural pois, acho eu, a proposta da comissão liderada por josé augusto rocha, ele próprio um dos advogados que mais casos defendeu nos tribunais plenários.
eu cresci a ler os nomes de algumas dessas pessoas em curtas notícias de jornal, ou em comunicados da comissão nacional de socorro aos presos políticos que integrei durante algum tempo e que serviam para um misto de angariar fundos ou para furar a barreira da censura. de muitos soube o quanto sofreram por defenderam os outros.

o conselho geral da ordem, presidido pelo seu bastonário, deliberou não atribuir tal prémio àquele conjunto de cidadãos que tanto lutaram na defesa dos que não tinham defesa.

não sei se o vai atribuir a alguém.
mas eu não gostava de estar na pele de quem o possa vir a receber sabendo que foi recusado a alguns que lutaram durante muitos anos pela liberdade dos outros.

3 comentários:

teresa disse...

E conhece-se o que se encontra na base da deliberação do bastonário?
E já agora um pouco à margem do post (mas não tanto): em determinados países europeus, p. exemplo, em França e em Portugal,situações menos cómodas como as respectivas guerras coloniais são abordadas superficialmente nos programas oficiais de História (foi-me confirmado por quem se encontra no terreno):(

Anónimo disse...

as guerras coloniais, quer em frança (já um pouco mais distante a argélia), quer em portugal, ainda estão demasiado próximas para que possam ser vistas do ponto de vista 'histórico'.
hoje, porque muitos de nós passaram por ela de uma forma ou outra, o assunto é ainda mais 'jornalístico' do que 'histórico'.
em história há que não ter pressa.

mas seria útil a muitos que acham que a descolonização portuguesa foi o maior desastre da história e a inglesa e francesa ou belga uma coisa recomendável, olharem para a nigéria, o ruanda, o congo, o zimbabwe, a somália, o sudão...
talvez entendessem que o mal esteve mesmo nos séculos de colonização e não no ano em que se descolonizou.

teresa disse...

Concordo com o comentário 2, embora, por motivos familiares, me tenha apercebido do facto de ser dado um relevo considerável ao movimento dos capitães de Abril na disciplina de História.