29 de fevereiro de 2008

"Dum relatório camarário: ...a cidade é como um corpo vivo, que se transforma, etc...

Pensei, depois de ter lido com atento respeito esta sábia literatura, que poucas verdades seriam tão profundas como aquela, pelo menos com respeito a Lisboa. Com efeito, basta considerar o nosso vasto esqueleto urbano para se verificar que o relator tem evidentes razões técnicas. Começando pelo Braço de Prata, pela Perna de Pau e pelo Cabeço da Bola, o próprio povo , no rolar dos séculos, se encarregou de informar-nos claramente que vivemos (cheia de marrecas) sobre uma capital de corpinho bem feito.

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Da Travessa da Cara à do Pé de Ferro e da Bica do Sapato, à do Cotovelo, ao Pátio do Tronco, à Bacia do Tejo e à Linha de Cintura, às grandes artérias e às gargantas de São Roque e Das Amoreiras - tudo completo, com a Rua do Assento, o Cais da Lingueta, e o Casal dos Ossos, (à rua das Casas de Trabalho), um autêntico e modelado corpo humano, com toda a sua anatomia descritiva. E nem lhe falta mesmo o adorno capilar do Caracol da Graça, dos Barbadinhos, dos Becos da Cabeleira a S. Bento e do Capachinho à rua do Costa, os Casais de Mal-Penteado a Carnide e do Pai-Calvo a Caselas.

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Lisboa tem, evidentemente, além de uma alma que os fadistas cantam, um corpo a que não faltam corcundas nas encostas, e vegetação abundante em várias regiões - Tapadas, evidentemente."


Leitão de Barros, "Os Corvos"

Fotografias
Pozal, Fernando Martinez Travessa do Pé de Ferro
Serôdio, Armando, Escadas do Caracol da Graça
Portugal, Eduardo Pátio do Tronco

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