24 de janeiro de 2007

o loreto

o meu começo laboral foi no bairro alto.

durante esse periodo fui ao cinema em quantidades que jamais voltei e experimentar.

tinha duas formas de ir ao cinema:

ou através dos então chamados 'bilhetes de imprensa' que eu obtia no diário de lisboa (e esporadicamente no diário popular), onde o trabalho me levava todos os dias;

ou fazia o circuito dos 'piolhos'.

como entre as 3 e as 6 da tarde não tinha que trabalhar, o tempo era muitas vezes aproveitado por uma matiné.

os cinemas 'económicos' da zona eram o chiado terrace e o ideal, aka loreto.

Image Hosted by ImageShack.us
o loreto era mesmo só descer a rua da rosa (onde trabalhava) e em 5 minutos estava sentado na sala.

ainda hoje não consegui acabar de ver o 'objectivo: burma' que um dia tive que deixar a meio (afinal 2 filmes sempre demoram um bocado) porque estava na hora de regressar ao trabalho.

o loreto jamais teve esse nome.

começou com o nome de salão ideal nos idos de 1904.

se o salão lisboa foi o primeiro edifício projectado para cinema, o salão ideal foi a primeira sala concebida para projectar imagens.

foi dos primeiros locais a ter pessoas atrás do ecrán a emitir sons de acordo com o desenrolar do filme.

Image Hosted by ImageShack.us
este é um cinema com um percurso complicado:

depois de salão ideal, passou a cinema ideal, depois a cine camões, até ao actual cine paraíso.

quanto à programação, começou nas primeiras estreias de cinema feito em portugal (chegou a ser propriedade dos donos da produtora empresa cinematográfica ideal), passou pela reprise (no sentido literal do termo, a exibição de filmes que saiam das salas de estreia), foi descendo para o formato 'piolho' com 2 filmes por sessão (ainda com o nome de cinema ideal), passou, já com o nome de cine camões, para o cinema indiano e depois, com o actual nome de cinema paraíso, teve um curto periodo com a programação assegurada pela cooperativa cinema novo (do fantas) até se tornar um dos cinemas porno de lisboa.

3 comentários:

MCP disse...

Caro Carlos, estou à procura de testemunhos de jornalistas (e não só) que tenham frequentado este cinema. Motivo? Vai ser reabilitado, com um novo projecto e a Casa da Imprensa quer publicar uma brochura que conte a história do espaço. Agradecia muito se tivesse disponibilidade para me falar sobre as suas idas ao cinema. O meu email: carmoramos@gmail.com. Cpts, Maria do Carmo Piçarra

MCP disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
carlos disse...

claro que sim, cara maria do carmo