21 de outubro de 2006

Cartilha da Terra Portuguesa: ou as cidades e a província

Eu não resisto a livros abandonados, cheios de pó, a um canto...tenho que rapidamente ir mexer-lhes e fazer-lhes sentir o meu afecto. Entretanto limpo o pó e como tendo a esfregar o nariz, fico mascarrada que nem um limpa chaminés. Não faz mal.
Este roteiro foi recolhido num alfarrabista qualquer. Na altura foi caro, duzentos e cinquenta escudos. (Sim sou uma colectora, eu sei, cada qual com os seus vícios).
É uma edição do SNI de 1950 , com um prefácio do António Ferro e desenhos de Manuela (só assim, muito singela). Não resisto à prosa do A:F :

Consulte-se , portanto, a "Cartilha da Terra Portuguesa" como se consulta um ficheiro que nos indica modestamente os dados essenciais do problema que desejamos tratar ou até as próprias fontes onde devemos ir beber.
Seja como for, esta edição singela do Secretariado será doravante, uma obra indispensável de iniciação, para todos os devotos da nossa Pátria, o catecismo da sua beleza...

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Este adjectivo singelo foi banido do nosso vocabulário, de tanto uso que lhe deram no tempo da outra senhora. Mas é inegável que o António Ferro tinha qualidade no que fazia, como diz a Vespeirinha e tem razão.
Outro dia, numa tal de desastrosa parada comemorativa que fez a SIC, lembrei-me do Estado Novo e do SNI , como sempre me lembro quando vejo grandes ajuntamentos de pessoas e camionetes e profusão de variedades para todos os gostos. Mas eu gostaria de ter visto a Exposição do Mundo Português e conhecer melhor esse evento dos anos 40.

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Voltando ao livro: começa com as cidades de Lisboa e do Porto e depois a província.
Estas cartografias lembram-me a infância.E o desenrolar dos caminhos de ferro e das cidades capitais de distrito também.
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3 comentários:

Maxwell disse...

Bonito, tanto o texto como a ilustração. Talvez seja eu que não procuro bem mas estou tentado a dizer que já não se faz literatura assim.
Há possibilidade de partilhar o mapa com boa qualidade?

T disse...

Neste momento não, tenho a casa virada do avesso.

Maxwell disse...

Claro, não se pedia que fosse já a correr! Longe disso. Dizia que, quando houvesse oportunidade e a vida real o permitisse que, num dia em que ocorresse à memória, pudesses oferecer à blogosfera tal documento :) Estamos aqui por gosto, ninguém obriga ninguém a nada (era o que mais faltava).