22 de junho de 2006

as bandeiras, os símbolos e as ortodoxias

as febres embandeirantes em épocas de grandes acontecimentos desportivas é um acontecimento relativamente novo (um pouco mais velho no brasil, tanto quanto sei).
ao contrário dos americanos que acham que família que não adore a bandeira como a cristo na cruz não é bom chefe de família, a tradição europeia sempre foi muito avessa à identificação bandeirística.
principalmente a esquerda europeia que sempre viu nisso uma manifestação nacionalista de mau gosto e pior ideologia.
por via do futebol (primeiro com os ingleses a transportar milhares de bandeiras para os estádios), as janelas da europa vão-se enchendo de bandeiras como afirmação de 'unidade nacional' do apoio à sua equipa ou de manifestação de orgulho por parte dos imigrantes em cada um dos países de acolhimento e com as correspondentes ruidosas manifestações de 'vingança' por cada vitória do seu 'pobre' país sobre o 'rico' acolhedor.

a resposta a esta nova febre tem tido, fundamentalmente, dois tipos de formas:
a repulsa pelo aviltar do símbolo nacional
e o desprezo que sempre mereceram tais símbolos, ainda por cima por tão reles motivo.

dois exemplos recentes ilustram bem essas reacções:
1. o psd propôs e fez aprovar na assembleia municipal de lisboa uma recomendação para que sejam retiradas da rua todas as bandeiras que tenham símbolos comerciais nelas inscritos.
2. a imprensa e os jornalistas do centro-esquerda do luxemburgo que acham uma manifestação intolerável de chauvinismo e de desrespeito pelo país de acolhimento a ostentação de bandeiras portuguesas nos carros e casas dos imigrantes lusos (aqui com o adicional da direita a exigir que se respeite a lei que obriga a que nenhuma bandeira estrangeira possa estar sózinha sem a correspondente tricolor luxemburguesa.

eu reconheço que continuo, sem razão, a associar esta bandeira à ditadura, porque foi assim que cresci com ela.
reconheço que acho relativamente irrelevante saber se a bandeira está virada do avesso ou de pernas para o ar ou se os castelos estão bem desenhados ou não.
que para mim é uma discussão de lã caprina saber se se deve respeitar a lei de fazer descer as bandeiras com o por do sol. e outras minudências parecidas como a percentagem de espaço destinado ao verde e ao vermelho, ou se fazem boxers ou t-shirts com as suas cores (coisa cnmpletamente ilegal ao abrigo da lei portuguesa...).
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aquilo que me faz ter atenção a esta questão, é a crescente importância que esquerda e direita estão a dar aos símbolos nacionais e a forma mais ou menos ortodoxa que encaram a sua apresentação pública..
e que, por exemplo, no luxemburgo ameaça tornar-se num foco de conflitos entre a comunidade portuguesa e os nacionais luxemburgueses.

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