23 de setembro de 2005

Campanha eleitoral

Tenho notícias que poderão chocar alguns.
Vou votar na Zezinha.
Exacto.
Vou votar em Maria José Nogueira Pinto.
Dirão os meus amigos "mas afinal tu não és um gajo de esquerda?"
Conceptualmente sou. Por filosofia de vida tenho votado no PS em todas as legislativas.
Localmente, contudo, a coisa muda de figura. Quero alguém que ponha a minha cidade direita. E com esta lista de candidatos não há muitas hipóteses:

PSD - Um homem sério, mas que vem do partido com a maior concentração de oportunistas de que há memória, um saco de gatos autêntico. Nunca lhe darão hipótese de fazer alguma coisa de jeito.

PS - Manuel Maria Carrilho tem tanto perfil para presidente de Lisboa como eu tenho para comandar o Titanic. Correcção: eu talvez me safasse melhor.

PCP - Eh pá. São boas pessoas. Mas não chega, camaradas.

BE - Dois outdoors fizeram-me vacilar nos últimos dias. Dois homens que respeito e admiro, Gonçalo Ribeiro Telles e António Barreto, apoiam esta candidatura. Mas o homem tem um toque alucinado. Não duvido que adore a cidade. Mas parece um bocado doido. E o resto da companhia não ajuda a uma visão de sanidade mental. Se calhar isto são apenas vantagens. Mas não sei. Se ganhasse (que não ganha) eu cruzaria os dedos e esperaria pelo melhor. Enfim.

CDS - Não tenho nada a ver com esta gente. Maria José Nogueira Pinto, contudo, também não tem assim tanto. E depois eu tenho um problema: vi o que esta mulher é capaz de fazer de bem feito. Vi-a transformar um local em descalabro, dado como morto e enterrado - a Maternidade Alfredo da Costa - e dar-lhe um pontapé de modernidade que a atirou para a linha da frente durante mais de uma década. Segundo leio, reincidiu na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e deu-lhe a volta. Vi-a num só debate com MMCarrilho. Muito mais factual, sem politiquices e danças de salão, num discurso a milhas de tudo o que se vê por aí.

O Carlos mandou-lhe uma piada que revela de modo cristalino l'air du temps: critica-se uma candidata que diz, com seriedade, que não se importa de servir a cidade noutro posto que não o de patrão. Na verdade a cartilha da política afirma que nunca se deve dizer uma coisa destas, que isso uma manifestação de fraqueza. O resultado é um espectáculo miserável como o do debate de Felgueiras, com vários a afirmarem convictamente que vão ser presidentes, verdadeiros macacos aos pulos em redor da bananeira.

Maria José Nogueira Pinto é, efectivamente, diferente: na atitude, na competência, na seriedade, no desassombro. Obviamente não vai ganhar. Temos apenas o que merecemos como país.

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