8 de dezembro de 2004

Prostitutas, Pecado Original, Mário Soares

O tema das prostitutas fascina-me. Ou melhor, as prostitutas é que me fascinam. Tenho um post na cabeça sobre esse assunto. Ou melhor, sobre elas. Por agora, quero só declarar aqui que não acredito nos jovens. Ou seja, não acredito nesse disparate de que os jovens são mais livres e rebeldes e críticos do que os menos jovens. Os preconceitos da minha geração (que ainda é jovem!) são os mesmos das gerações anteriores. Os preconceitos dos meus clientes (mais jovens do que eu) são também os mesmos: contra as mulheres "muito rodadas", contra os homossexuais, contra o sexo pelo sexo (é necessário haver sempre a justificação do amor para essa coisa porca...), contra as pessoas fisicamente menos atractivas, contra os velhos, etc.. A ignorância em relações aos deficientes mentais é sempre a mesma.

Uma coisa que me deixou intelectualmente chocado foi a explicação do pecado original e do baptismo por parte de um católico extremamente culto em relação a assuntos gerais e especializado em doutrina católica. Os efeitos do pecado original foram derramados por toda a humanidade, ou seja, por todas almas (que existem desde a criação). Quando alguém nasce, nasce sujo. E só o baptismo limpa dessa sujidade original. Ou seja, segundo a doutrina católica, nós ainda antes de praticarmos qualquer acto livre, já somos impuros. Isto choca-me. Nota: se o que eu disse é incorrecto, alguém que perceba mais de doutrina católica do que eu faça o favor de me corrigir; um dos preconceitos mais imbecis da minha geração (e das outras todas) é o de criticar a doutrina católica sem ter o menor conhecimento acerca dela e de lhe atribuir incoerências quando, na verdade, essa doutrina é dos edifícios lógicos mais sólidos que existem.

Assim como a doutrina do pecado original me choca, também me choca a doutrina de que todos nós, mesmo os nascidos depois do 25 de Abril, devemos muito a Mário Soares. Que horror! Ainda não tinha nascido e já lhe devia alguma coisa! Eu não fiz nada de mal! Porque é que tenho de ser devedor daquele indivíduo?! O que é que eu tenho de lhe pagar para deixar de lhe ser devedor!? Será que há algum baptismo que me imunize dessa dívida, dessa dependência?! Para mim, aquela figura foi sempre a do político típico: o seu objectivo é sempre e só o mesmo: subir ao poder e manter-se no poder e afastar os outros do poder, a bem ou a mal. Ele não é ideologicamente coerente. Ele não se preocupou com o povo. Ele só esteve do lado das pessoas quando estar do lado delas era necessário para subir ou manter-se no poder. Ele fez muito mal a muita gente. O filho dele é abominável. Eu não tenho ódios de estimação, eu odeio mesmo! Por favor, livrem-me do pecado original de "dever muito ao Mário Soares".

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