16 de dezembro de 2004

Josh Rouse é do Nebraska; Estética

Micro post:
Eu fui. O convidado da primeira parte: uma bosta. O Josh Rouse: apaguem do mundo os maus
e os medíocres, apaguem também os geniais, os excelentes, os muitos bons e os bons. O
que é que resta?: os medianos. Josh Rouse pertence a esta categoria. É o bom amador, é o
amador que se for profissional ninguém pode dizer que não é aceitável. Tenho amigos que
tocam melhor e com mais imaginação do que ele. HAJA DINHEIRO E TEMPO LIVRE!

Macro post:
Experimentem não serem católicos e não terem qualquer formação religiosa e irem à praça de S. Pedro ver o Papa. Vão ficar fascinados com a multidão: milhares de pessoas a vibrar, a gritar quase histéricas, emocionadas, pela presença de... um homem vestido de branco. Pois, é o Papa.

Eu, ontem, no meio de uma sala cheia de gente que delirava à primeira sequência acorde de dó maior acorde de mi maior de cada música: "Mas porquê este delírio todo?? É só um homem com uma guitarra e uma camisa barata, que canta. And he is nothing special!!" Como explicar o fascínio perante a ausência de brilho, perante a falta do toque "especial"?

Crítico post:
O teatro mais fácil de ser feito é o que apela à tristeza de quem assiste. O mesmo na música. Há quem ache que uma coisa qualquer é interessante pelo simples facto de ser complexa. Tirando quebra-cabeças e enigmas, o interesse nunca está na complexidade. Há quem ache que uma coisa será bela e pura se for extremamente simples. Esta ideia é também bastante distante da verdade generalizável. Josh Rouse: o apelozinho à melancolia e a simplicidadezinha não o favorecem; as canções-história de sentimentos mais activos e as músicas em versões mais elaboradas ficam-lhe melhor.

Teoria em post:

Para mim só há duas músicas: a que pela elevação intelectual produz prazer e a que pela eficácia emocional (com excepção da melancoliazinha) produz prazer. A música que nem foi intelectualmente exigente do ponto de vista do poder criativo nem é eficaz do ponto de vista das sensações imediatas - essa é a que não me interessa. Uma boa parte da música alternativa que alguns amigos meus me dão a ouvir é assim.

Havendo pouco tempo para apreciar, o melhor é utilizá-lo naquilo que é excelente. Em arte, menos que excelente não serve.

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