26 de outubro de 2004

VINTE ROSTOS

Esta semana fui tomar café ao Gil Vicente, e deparei-me lá com uma exposição deliciosa de um fotógrafo que não conhecia, Augusto Baptista.
Fiquei siderada com os rostos a preto e branco que me iam enchendo a retina.
Fotos de pessoas com mais de 100 anos nas mais diversas situações, sentados em sofás, ao lado de altares e santos, perto de fotos da família, junto de lareiras.
E em todas as fotos perpassavam os olhares serenos e ternurentos de quem parece não sentir os anos que por eles já passaram.

“A idade enternece. Mas retratar, acto de afecto, é sempre sentir o outro lado. É viagem além da pele para surpreender a luz. (…)Fotografei no meu jeito habitual. Depois as imagens, estas imagens, perduraram mais do que seria razoável. Ficaram-me, por estranho mecanismo, impressas no íntimo. Como se eu me abrisse a um raio imperceptível. A um fluxo material que, fundo, atingisse o pensamento. E aí se abrigasse.”

Augusto Baptista




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