30 de setembro de 2004

Deslizantes.

Eles enrolam-se nos pés. Têm vida própria.
Quando damos por eles, já passaram. E pensamos que voaram.
As coisas boas passam por certo, demasiado depressa. As más passam em igual ritmo , mas colam-se a nós no sentir, Isto a propósito da Lau e do post que escreveu sobre a mãe dela.
A minha morreu há oito anos e não há dia que não a lembre, que veja um livro e me apeteça oferecer-lhe e telefonar e dizer "Olá Mãe".
Que era uma mulher extraordinária e sensível. Tanto em ternura como em firmeza. Não era uma mãe-irmã. Era uma mãe-mãe. Dela conheci as certezas e desconheci as incertas coisas , que às vezes se revelam em heranças e lembrares posteriores.
Não quereria outra mãe, a não ser ela. Não fui a melhor filha, disso tenho a certeza.Mas vive comigo enquanto eu viver. Está cá dentro. Como eu estive nela.
Os afectos não terminam com a morte. Antes se tornam um vício e uma saudade eterna.
Destas coisas só podem saber, quem perdeu quem mais amava.
Paixões começam e acabam. Sem motivo.
O amor que sinto pelos meus pais está todo aqui.
Nas minhas mãos que tocam as deles.
E mais nada.

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