21 de julho de 2004

Não tenho nada para contar...

Levantei-me às 7h10. Bati com o dedo grande do pé direito na esquina da cama enquanto tentava calçar os chinelos de quarto. Devo ter resmungado um “foda-se” angustiado, mas estava demasiado sonolento para o afirmar sem receio de me enganar. O forno do fogão está avariado, mas não precisei dele de manhã. Cortei uma fatia de pão da Pastelaria Rosa (já falta pouco para começarmos a ter pães produzidos em regiões demarcadas…) e pu-la a torrar. Ou quase! A torradeira não estava bem avariada, mas obrigou-me a uma pequena reparação – uma delicada intervenção com uma faca de lâmina comprida para pôr um araminho rebelde no seu lugar. Barrei manteiga Matinal no pão e comi-o. Assim. Sem quaisquer remorsos. Adeus pão. Adeus manteiga Matinal. Bem-vindos ao meu aparelho digestivo. Talvez amanhã vos reencontre sob outra forma. Tomei banho. Porque é que hoje em dia todos os géis de banho têm de ser qualquer coisa mais que um simples gel de banho?! Ou nos dão energia, ou nos revitalizam, ou nos curam a ressaca, ou nos fazem sentir mais exóticos que o Zé Castel Branco… Eu só quero um “detergente” que não colida com a minha pele suave, não preciso de confundir a minha banheira com uma estação de tratamento termal.
Entretanto, já tinha escolhido “a música” da manhã, um Rui Veloso com letras de que gosto muito. O gajo toca e canta bem e, para mim, um gajo que toca e canta bem tem sempre algum valor. Claro que o acompanhei. Quem é que resiste a entoar “Vê se pões a gargantilha, Porque amanhã é Domingo…”, enquanto o ouve? Hum?! Eu não. De maneira que os vizinhos de cima lá devem ter sofrido com a minha já célebre pujança vocal, incrementada pelo “reverb” dos azulejos da casa de banho.
Escolhi a camisa. Tive de mudar de sloggis, os primeiros apresentavam um buraco desconhecido. Saí de casa. Meti-me no carro e consegui fazer o caminho calado. Trabalhei até às 12h00. Almocei bem. Voltei para o trabalho cerca das 14h00. Tenho calor. São 15h50. Demorei as últimas catorze horas para concluir que ainda me vou bastando para ser feliz todos os dias (com a ajuda de mais algumas pessoas), nestes momentos de partilha de estados de alma. Mesmo num dia feito de nadas, estes são os meus nadas e estimo-os.
Pronto, tenho nadas que não vale a pena contar hoje. Mas conto-os na mesma.

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