14 de junho de 2004

A propósito de eleições

Como gosto sempre de estar do contra, de fazer parte das minorias, ontem fui votar.
É giro como, ao fim destes anos todos, ainda sinto uma secreta excitação de entrar na cabine de voto e ali, sozinho mais a minha consciência, realizar aquele simples acto de colocar a cruzinha num quadradinho.
Habitualmente levo comigo uma ideia definida, uma convicção profunda, um voto maduramente pensado mas, ao ver-me ali perante o boletim, sou sempre assaltado por ideias mirabolantes e fico com uma vontade doida de votar em qualquer outra coisa. Como se fosse um acto de poder, imenso, que possuo só naquele exacto momento.
Ontem fixei-me numa coisa que era o Movimento do Doente. O Movimento do Doente... mas o que é isto, pensei, como é que não fazia mínima ideia da sua existência... e por interminavéis segundos era como se só existisse aquele quadradinho no boletim, como se uma estranha força puxasse a caneta para fazer a cruzinha milagrosa, como se fosse exercer esse meu tal imenso poder...
Mas resisti..., e votei no outro que já tinha decidido!

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