25 de novembro de 2003

Dos sons que aqui não chegam

Ah, se vocês soubessem o pouco que nos chega de rock ou música pop portuguesa. Conheci os Heróis do Mar, a Sétima Legião, o Rádio Macau e mais os Xutos e Pontapés pelos vinis de um amigo, que os arranjou também não sei como. Lembro que havia ainda uma banda cujo vinil vinha não num envelope de papelão, mas sim numa lata como de biscoitos; e de uma outra, um quarteto cujo disco se chamava “Táxi”, ou que eles apareciam dentro de um táxi; não guardei seus nomes. Lembro de ter visto uma foto da cantora do Rádio Macau e a achado barbaramente bonita; e os Xutos até chegaram a tocar por aqui, se bem me lembro abrindo apresentações dos Titãs. Mas isso ainda nos anos oitenta; uma vez os ouvi no rádio, e meu irmão perguntava: “mas que diabos é manaira?”, sendo que era À Minha Maneira. Claro, o Madredeus foi uma febre por aqui, praticamente todo mundo tem pelo menos um disco deles; eu tenho aquele com a maravilhosa música que reza “só tenho medo do grande mar... cuidado!”. Que cantora soberba. Mas o que sempre nos chegou foi a Amália Rodrigues, e aqueles que vêm gravar com a turma daqui, como a Eugénia e o Godinho. Só. Do progressivo português, que deve ter havido, nada se sabe; do punk, então, muito menos. E do que se faz agora? Nadica de nada. É verdade que, pelos anos oitenta, o rock aqui fervia, e tivemos uma bela dúzia de cantores e bandas emblemáticos, que eu nem sei se são conhecidos aí: a Legião Urbana, o Cazuza, os Titãs... Há tão pouco intercâmbio! Sabe-se tão pouco, divulga-se menos ainda. Vejo que há aí um mundo escondido, e eu que gosto tanto de música... Lamento saber que essa moça da Banda do Casaco morreu, porque achei que cantava como a Kate Bush. E do Rão Kyao já ouvi falar, mas creio que seu nome estava ligado à música do tipo new age. Pouco.

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