15 de outubro de 2003

O que eu sou (4)– Um fraco marinheiro

Sempre tive uma vaga paixão pela vela.
As minhas paixões demoram a arrancar...mas também demoram a desaparecer. É uma coisa tipo alentejana, começa tão devagarinho que quase nem se nota, é como uma preguiça que se vai instalando. Gostamos da coisa, dá-nos prazer gostar dela, pensar nela, mas pouco fazemos para a ter. Até que um dia fazemoso mesmo...
Mas depois, se a paixão é correspondida, se gosto mesmo da coisa ( ... e ela gosta de mim!) não despego, mantenho por uma vida se for preciso. Umas vezes mais, outras vezes menos, conforme os humores e o tempo, mas não largo, mais tarde ou mais cedo volto sempre lá. Não sou como muita gente que tem uma paixão (por uma coisa, por uma pessoa, algo), que em dias a concretiza, mas passados uns meses já está noutra.
E assim, muitos anos depois de pensar (e sonhar às vezes) com mar e vela, depois de alguns anos de conversas, de copos, com um amigo a planear a compra de um veleiro, depois de alguns meses a pensar que seria boa ideia aprender a marear, este verão... (mais um verão) tirei a carta de marinheiro e, às tantas, meto-me mesmo numa sociedade dum veleiro.
O veleiro chama-se Shangilá e é vermelho de paixão…
Estou entusiasmado, estou prestes a concretizar, o que é sempre a fase mais excitante!
Assim, tal como pensei a propósito da mota, é incrível como passei estes anos todos no Algarve e, em relação ao mar, não passei de uns mergulhos na praia.
Ora que porra!

PP: ... e agora já ando nas aulas de patrão local.

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