9 de outubro de 2003

Coração vermelho (4) – Águias de fogo (anos 80)

Nos anos oitenta do século passado fui estudar para Lisboa e fiz coisas que, tempos antes, me pareciam inatingíveis. Uma delas foi ser o sócio oitenta e três mil e tal e passar a os jogos jogos na Catedral. Assisti ao fecho do terceiro anel: tinhamos o maior estádio do mundo!
A equipa era muito boa, destaco, só para aguçar o apetite, alguns nomes: Bento, Sivino, Álvaro, Veloso, Mozer. Carlos Manuel, Valdo, Chalana, Diamantino, Rui Águas, Stromberg, Manniche (o verdadeiro, não o caceteiro!).
Houve tardes e noites mágicas. Jogos extraordinários. Emoções inesquecíveis. O Mozer, o Valdo (e o Aldair) eram jogadores da selecção brasileira… acreditam?
Até costumavamos dizer que em "dedos já estava ganho", isto porque o Álvaro tinha seis dedos em cada mão. Excepto quando o Shéu jogava, uma vez que ele tinha só três dedos numa mão e aí, ficavamos empatados. O pior era se o Álvaro não jogava: perdiamos em dedos!
Nos jogos das Taças Europeias ia-se para o estádio às três da tarde, com o sol na pinha (ou a chuva nos ossos) até às nove da noite, com merenda, com bandeiras e cachecóis, com tudo. Um golo era uma loucura, o estádio vinha abaixo, o coração partia-se… Vi lá a segunda mão da Final da Taça UEFA, contra o Anderlecht. Perdemos a taça mas marcamos um golo lindo e, durante trinta minutos, a taça foi nossa. Aqueles momentos valeram por uma vida, pois a tristeza da derrota já está esquecida há muito.
A única coisa chata desses anos foi o aparecimento dos emplastros do norte a toda a força. Mas disso falarei noutro dia!

PP: Ontem foi mais uma tarde livre. Fui almoçar nas calmas, fui arranjar a mota, cheguei a casa e ouvi as notícias! Queria escrever qualquer coisa sobre o jovem Pedroso, mas fui boicotado pelo ADSL... mais logo!

PPP: Ouvi hoje de manhã, de novo, o Melhor do Mundo! É a jornalista Sónia e o psicólogo Sá. Falavam de bebés e da dificuldade de comunicação entre eles e os seus progenitores, de uma máquina que foi inventada para traduzir o choro dos bebés... Esqueceram-se das avós! Quanto a mim é esse o elo perdido, as avós (e a corte de tias da mãe, irmãs da mãe, etc) com o seu saber acumulado que garantia que essa comunicação fosse fluida.

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