7 de agosto de 2003

Escritores, errores e calores

Teresa Santa, no Herberto Hélder eu já tinha ouvido falar; acho até que um jornal daqui publicou algumas coisas dele, se não me engano poemas. Mas faz tempo, e não há livros dele lançados aqui. Achei por acaso A Sopa dos Ricos, do Santos Fernando, justamente num sebo (alfarrabista aqui também se diz, mas muito raramente). E já se vão dez anos desde que saíram dois do Miguel Esteves Cardoso, O Amor é Fodido e Minhas Aventuras na República Portuguesa, que é muito engraçado.

Bem quisera percorrer alfarrábios em Lisboa, mas com o real assim raquítico como está, o negócio é ir adiando os planos. Um dia irei, é certo; tenho a alternativa de tentar uma bolsa em Coimbra e fazer pós graduação com a Rocha Pereira, em, digamos, 2006 -- se ambos, eu e ela, estivermos vivos, claro. A perspectiva da bolsa, já me disseram, é sombria, mas não de todo impossível. Veremos.

Gasel, pois é justamente esse negócio de "urbano depressivo" e, principalmente, "urbano porra-louca", que também anda dominando tudo na literatura daqui. Ou as pessoas vivem num mundinho middlebrow ao qual falta de todo a cor local (escrevem-se histórias que se poderiam passar tanto em São Paulo quanto em Londres ou Hong-Kong, e talvez até se passem mesmo, já que não há como saber), ou vivem eternamente os "loucos anos" de uma juventude sem fim, de bar em bar, sempre com o coração partido. Nunca os escritores e as personagens saem de si mesmos, nunca se reflete sobre qualquer realidade externa aos seus umbigos. Uma que outra boa tirada, e só. Por isso é tão difícil recomendar os novos... são todos uns chatos. Noutro dia mesmo li uma entrevista do Paulo Coelho e outra do Marcelo Mirisola, na revista Cult, e ambos são lamentáveis.

Hoje vi no jornal sobre a onda de calor que assola a Europa. Previam-se quase quarenta graus para Londres, temperatura a que nunca se chegou aqui em São Paulo (uma vez bateu nos trinta e nove). Lisboa deve estar, se não a arder, pelo menos a escaldar. Cerveja ajuda a refrescar, quanto mais gelada melhor; eu, aqui, fico mais bêbado quanto mais o calor aumenta... no auge do verão, jamais me encontram sóbrio. :)

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