4 de agosto de 2003

Ameaça

Repetem-se os dias em que, chegada a noite, nem escrever apetece. Arriscaria até a dizer que os dias não voam. Arrastam-se. Com alguma sorte e muito empenho posso agora assegurar que finalmente esses dias vão acabar, pelo menos para mim (desejem-me sorte), mas como sou um animal de hábitos sinto já falta da aranha aos pés da cama, do pó em cima dos objectos, das noites de insónias a ver tele-vendas e de tudo o mais que aprendi a amaldiçoar com familiaridade. Receio o espaço que estas pragas vão deixar, terei que escolher novos alvos para voltar a barafustar, já tenho alguns artilhados.

Felizmente para todos o meu poder bélico não passa de um punhado de pólvora seca. Ah, mas pólvora, mesmo que seca, sendo bem apontada aos olhos é capaz de provocar muitos rebentamentos.

Sim, é uma ameaça.

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